No dia 17 de dezembro pacientes, familiares, profissionais da Clínica de Insuficiência Cardíaca (CLIC) do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) e dirigentes da Instituição se reuniram para comemorar o sucesso alcançado nos últimos meses.
Atualmente, 160 pacientes recebem atendimento gratuito de equipe interdisciplinar num espaço bem equipado, que funciona desde 2009 no Campus Quinta do Paraíso, na Prata. “É a concretização de todo um trabalho desenvolvido durante o ano e uma oportunidade de reconhecer e agradecer a todos — desde os funcionários, voluntários, pacientes, cuidadores, parentes até a equipe multiprofissional — pelo trabalho desenvolvido e pelos resultados conquistados”, declarou a professora Lúcia Brandão, coordenadora da CLIC.
Oficinas de arte e lazer
Com a missão promover a qualidade de vida de seus pacientes, a CLIC vem proporcionando, em pararelelo aos atendimentos, oficinas de arte e lazer com atividades como plantio, artesanato e alfabetização, que trouxeram a oportunidade de expressão, maior entrosamento e melhoria da autoestima.
A confraternização de fim de ano foi um momento de expor e demonstrar o valor desse trabalho, que vem crescendo e resultando em diversos benefícios à comunidade. “Alguns brinquedos aqui confeccionados foram doados a crianças atendidas na própria clínica e em creches. Alguns artigos são para uso pessoal e outros estão sendo comercializados para reinvestimento em material. A motivação com essas atividades trouxe a necessidade de criar um espaço para os homens que culminou nas atividades de horticultura. As verduras e legumes já podem ser apreciados em nossas mesas.
Há algum tempo o grupo multiprofissional vinha amadurecendo a ideia de investir na alfabetização para melhorar a adesão ao tratamento. Esse desejo foi manifestado pelos próprios pacientes nas oficinas e este ano demos início às primeiras aulas. As receitas foram informatizadas e a alfabetização segue o mesmo padrão de letra, de modo a facilitar a compreensão. Hoje estamos começando a colher os frutos”, comemorou a professora Lúcia.
Manuel Gomes da Silva, jardineiro aposentado, começou a frequentar o Campus Quinta do Paraíso para fazer fisioterapia e após constatar problemas no coração foi encaminhado à CLIC, onde se trata há quatro anos. “Esta interação é muito boa. Eu vim para cá bem caído, doente, e rapidamente melhorei com o atendimento, que é muito completo. Só tenho a agradecer a esses profissionais”, contou. Ele plantou algumas mudas no campus e provou que ainda tem talento como jardineiro, criando uma pequena horta da qual fala com muito orgulho. “Aproveitei um pedacinho de terra para plantar umas mudas que achei e as plantinhas cresceram que é uma beleza”, contou.
Os pacientes não só recebem carinho e atenção como também transmitem seu conhecimento. A aposentada Elza Rebello Ramos ensina nas oficinas técnicas de artesanato. “Dou aula de tricô, crochê e bordado como uma forma de doação”, disse, ao lado da sua filha, Rose Rebello Ramos, que também está contribuindo na alfabetização de pacientes como a dona de casa Maria Neuza Alves dos Prazeres, de 56 anos. Toda quarta-feira, dia de fazer o tratamento, Maria Neuza chega mais cedo para suas aulas. “Estou aprendendo a ler e a escrever e isto está mudando a minha vida, porque antes não conhecia nem as letras. Estou me dedicando e vou aprender muito mais e me tornar compositora de músicas religiosas”, planeja a dedicada paciente.
O professor Luis Eduardo Possidente Tostes, Diretor Geral da Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO), acompanhou a confraternização e prestigiou a exposição dos trabalhos realizados pelos pacientes nas oficinas. “É com muito entusiasmo que vemos um serviço deste porte, muito profissional, atendendo a um grupo tão significativo e mudando a realidade de vida dessas pessoas a partir de um programa que se destina a pacientes de cardiopatia. Fico muito feliz”, declarou o diretor.
Com vasta experiência em cardiologia e psicologia, o professor Eugenio Paes Campos, do curso de Medicina do UNIFESO, se dedica à clínica nessas especialidades. “Fazemos um trabalho de grupo com os pacientes e os cuidadores. A equipe multiprofissional da clínica não se limita somente à atividade médica em si, mas investe em atividades de lazer e de integração, o que traz um grande diferencial para a CLIC. As atividades, que estão sendo constantemente aprimoradas, são voltadas também para o desenvolvimento de pesquisas, gerando uma oportunidade para profissionais e estudantes que podem ter acesso e acompanhar os trabalhos”.
O professor Eugenio conta ainda que “hoje estamos com a preocupação de dar mais apoio aos familiares, pois são eles que cuidam dos pacientes e muitas vezes são sobrecaregados. Por isso, sempre os convidamos para participar das atividades”. Esta iniciativa agrada o aposentado Willians Gomes da Costa, que não abre mão da companhia de sua esposa que, segundo ele, “me acompanha no tratamento da CLIC e em casa me fiscaliza”, revelou.