O idioma não impediu que alunos de turmas do 7º ano das escolas municipais Paulo Freire, no Vale do Paraíso, e Sakurá, na Ermitage, entendessem as mensagens contra o bullying e interagissem com um grupo de estudantes americanos. Teresópolis foi o município brasileiro escolhido para a turnê anual da YACS - Young Americans Christian School/Geórgia-USA - e a visita aconteceu na semana passada. Participaram da experiência a diretora da escola, seis professores e 20 estudantes entre 17 e 18 anos.
Com 31 anos de criação, a instituição faz um trabalho voluntário abordando problemas existenciais e conscientizando crianças e adolescentes contra a prática do bullying. Ou seja: agressões e intimidações persistentes, apelidos vexatórios e até a exclusão de atividades sociais ou pedagógicas. São situações enfrentadas por muitos jovens no ambiente escolar e que acabam ocasionando graves problemas psicológicos, como depressão, distúrbios, alimentares, automutilação e até tentativa de suicídio.
“Todas as visitas foram acompanhadas pela equipe do Departamento Pedagógico da Educação. Nossos alunos ficaram atentos o tempo todo e entenderam as mensagens repassadas, com o auxílio de tradutores. Eles interagiram e se identificaram com algumas experiências vividas pelos estudantes americanos”, destacou a secretária de Educação, Rosana Mendes, que acompanhou o último dia da visita, na Escola Sakurá.
Teresópolis foi selecionada para receber a visita por indicação do teresopolitano Marlon Brito, que é psicólogo e atua no grupo americano. Ele foi aluno do Cerom e, aos 20 anos de idade, se mudou para Goiânia/GO, onde formou família. “Minha filha dá aulas de balé para crianças em vulnerabilidade social. Ela ganhou bolsa de estudos e passou um ano na YACS. Quando eu soube que eles viriam para o Brasil, sugeri minha cidade natal”, contou.
Rosana Mendes relatou que a Educação começou a identificar problemas psicológicos sofridos por alunos da rede municipal em 2018. Isso ocorreu através de relatos durante um concurso de poesia. “Na maioria das poesias, o que mais chamou atenção foi que os alunos colocaram no papel todo o sentimento reprimido, o que nos preocupou bastante. A partir daí, começamos a montar um projeto para atender esses estudantes nas demandas que eles apresentaram. E essa visita do grupo americano veio ao encontro da nossa intenção de trabalhar esses temas delicados com nossas crianças e adolescentes”.
Interação total
Temas tão delicados e sensíveis foram abordados de forma lúdica e criativa, através de dança, jogos e esquetes teatrais. Resultado: a troca de experiências foi exaltada por brasileiros e americanos. “Fomos muito bem recebidos. Tenho colocado grupos todo ano para viajar em diferentes países, e os adolescentes de Teresópolis foram os mais amigáveis e calorosos. Nós nos sentimos parte da escola”, relatou a diretora da YACS, Jan Taylor.
“Eu amei interagir com os adolescentes do Brasil, são muito animados e amigáveis. E a energia que nos transmitiram foi muito interessante”, disse a aluna Bria Smart. “Muito bom ver as crianças felizes por estarmos aqui. Mesmo sem falar a mesma língua, nos comunicamos”, acrescentou Cory Wilson. “Fiquei um pouquinho nervosa, no início, mas eles nos ajudaram muito a nos comunicar. Mas eles são maravilhosos, tivemos um excelente tempo”, concluiu a estudante americana, Mariah Sisa.
As alunas do 7º ano da Escola Sakurá, Letícia Britto e Milena Albernaz aproveitaram a experiência ao máximo. “Foi muito legal, aprendi muita coisa. Eles transmitiram respeito ao próximo, carinho”, disse Letícia. “Foi ótimo. Tem muitos passando por bullying ou por problemas em casa e eu achei legal porque eles ajudaram muito essas pessoas”, concluiu Milena.